CONSUMO, TECNOLOGIAS E SEUS IMPACTOS NA EDUCAÇÃO
RESUMO
Este artigo busca fazer um paralelo entre diferentes aspectos da sociedade atual, a relação entre consumo e educação é mais interligada do que parece, sendo assim podemos analisar o modelo de educação da nossa época para também fazer constatações sobre o modelo de sociedade, além disso este texto ressalta o conflito dos avanços tecnológicos, com as bases educacionais institucionais. O retrato de uma sociedade é sua educação e por isso a educação deve avançar de acordo com as tecnologias.
Introdução
Vivemos tempos de grande desenvolvimento tecnológico, onde toda a indústria e sociedade são voltadas para o modelo onde a tecnologia é o fator mais importante, neste sentido, nas últimas décadas percebemos um movimento de migração da tecnologia para o ambiente da educação.
As tecnologias de Informação e Comunicação, tomaram papel importante na educação, ao demonstrar suas várias possibilidades de acesso às informações, como conteúdo para pesquisas de conhecimentos gerais, inclusão na globalização e a inserção do sistema de ensino na rede mundial de computadores.
O problema é quando aparecem situações inesperadas. Como em toda quebra de paradigmas existem problemas a serem resolvidos, no caso da inclusão das tecnologias na educação, podemos observar o problema da falta de preparação dos profissionais, que podem não estar totalmente afinados com novos aparelhos ou modelos de didática diferente dos convencionais.
Ao avançarmos tecnologicamente, também avançamos no modo social, e a mesma sociedade que produz com foco na tecnologia, inconscientemente também produz indivíduos consumidores e com perca de bases emocionais, isso agrava quando esses indivíduos são educados em uma sociedade que não acompanha a rápida troca de informações vigente.
Outros aspectos da sociedade atual (que está sempre paralelamente ligada ao uso de tecnologias), trouxe à tona indivíduos com uma nova perspectiva de escrita, de costumes e de modelos culturais que batem de frente com o sistema institucional burocrático de escolas e universidades.
O problema de indivíduos com personalidade abalada pela sociedade consumista atual, alinhado ao problema da falta de preparação de professores e falta de estrutura das redes de ensino, atenuam vários desafios que devem ser vencidos para que o uso das Tecnologias de Comunicação e Informação possam ter uso eficaz nas salas de aula.
Consumo e educação
A sociedade consumista é a realidade que vivemos, ninguém escapa do modelo atual, desde a infância, crianças são expostas a publicidade e a forma de pensar vista de uma visão consumidora.
Os adolescentes, já com mentalidade construída pelos aspectos consumistas podem ser analisados para encontrarmos facilmente um novo jeito de visualizar a educação. A instabilidade e interesse direto no mercado de trabalho são as principais marcas advindas do consumismo que foram deixadas na educação.
Os jovens perderam o referencial de que o ensino é algo usado para aprimoramento próprio de suas habilidades cognitivas e avanço pessoal, pelo contrário, estar no sistema de educação atualmente é encarado como apenas uma etapa para conseguir um diploma que poderá ser usado para o ingresso em instituições, fazer vestibulares ou concursos públicos.
Neste sentido podemos traçar um paralelo que nos diz exatamente que o modelo consumista é o responsável por essas ocasiões, temos elementos publicitários que indicam aos indivíduos o aproveitamento do momento e só pensar tardiamente no futuro, existe um apelo para o imediatismo.
Indivíduos que são considerados instantâneos, contidos em um sistema lento, aqui se encontra uma das razões do desinteresse na educação, pessoas que estão acostumadas ao rápido processo de troca de informações, são obrigadas a viverem o lento e burocrático processo formativo educacional.
Talvez não possamos culpar diretamente o consumismo e seus impactos, como um dos principais responsáveis pelas crises na educação, mas com certeza esse é um dos grandes aspectos que devem ser levados em consideração.
Afinal, o sistema educacional está preparado para uma sociedade de indivíduos que veem o ensino apenas como empreendimento? A preparação de profissionais deve ser voltada para essas necessidades, ou os alunos devem se readaptar ao sistema de ensino?
Atualmente no Brasil o sistema de ensino médio passa por uma reforma que constitui exatamente o modelo já citado, como forma de educação.
Sancionada em 2017 pelo Presidente da república, Michel Temer, a reforma do ensino médio tem como uma de suas propostas, o ensino de formação técnica, que permitirá que o jovem opte por uma formação técnica profissional dentro da carga horária do ensino médio regular e ao final dos três anos, ele terá um diploma do ensino médio e um certificado do ensino técnico.
Outra proposta, indica que os alunos devem escolher um campo de estudos para se aprofundarem durante a passagem no ensino médio e se tornarem especialistas em alguma área de ensino. Propostas como estas, direcionam claramente os estudantes ao mercado de trabalho e nos mostra como os sistemas de educação buscam alternativas para os novos parâmetros de sociedade.
O uso de celular na sala de aula
Desde o começo desta década, os Smartphones se tornaram aparelhos necessários para realizações de tarefas e conexão entre pessoas, suas diversas utilidades fizeram com que a popularidade dos aparelhos crescesse e se espalhasse entre os jovens.
Não demorou para que os celulares começassem a invadir o ambiente escolar, e novamente com a falta de preparação das instituições de ensino, houve um choque entre a tecnologia e o sistema de educação.
As várias ferramentas de um Smartphone, torna difícil a competição de atenção na aula quando comparada às diversas funções do aparelho.
Pois até quando a docilidade de quem aprende sentado em uma (às vezes nada confortável) carteira escolar, por horas a fio, cujos únicos estímulos visuais e sonoros, em geral, são a imagem do quadro-negro e a voz do professor, respectivamente sobreviverá à possibilidade tentadora e sedutora que um simples toque (em um comando, em uma tela, em um teclado) nos oferece, ao nos permitir migrar para mundos e horizontes descontínuos, fluidos, variáveis e difusos?
(COSTA, 2009, p. 88)[1]
Tendo em vista as dificuldades do uso do celular nas salas de aula, as instituições se manifestaram sobre o problema e neste cenário surgiram leis que proíbem o uso do celular na sala de aula em alguns estados brasileiros.
Durante os anos de 2007 e 2008 os estados que incluíram em suas legislações a proibição de celulares na sala de aula no Brasil foram, São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Amazonas.[2]
Nesses estados a lei é válida para escolas públicas estaduais, sendo assim escolas municipais e privadas tem a liberdade de estabelecer outras regras sobre o uso do celular.
Existem várias discussões sobre o tema, há quem defenda que o uso dos Smartphones na sala de aula não tem nenhuma serventia, porém o mais sensato é pensar em uma integração desta tecnologia ao meio pedagógico.
O conflito entre os que são contrários ao uso do aparelho, apenas evidencia ainda mais o problema da falta de preparação da inclusão digital nas escolas.
Devemos reconhecer a utilidade dos aparelhos e usá-los de forma estratégica nas escolas, diversos pesquisadores já trabalham no sentido de transformar o uso do aparelho celular em uma ferramenta de Tecnologia de Comunicação e Informação.
Diante do excesso de tecnologia na nossa sociedade, logo ficará impossível pensar em proibição dos Smartphones, assim é importante que estudos sejam voltados para esta área, sem esquecer do trabalho de inclusão digital e avanço no conhecimento que pode existir com investimentos e devida atenção nesta área.
O Internetês
A linguagem é essencial para a comunicação humana, e pode se notar que ao longo dos anos existiu uma evolução na língua, tanto escrita como oral, que permitiu adaptações aos falantes de cada época. Tais adaptações são necessárias para suprir as necessidades dos períodos nos quais elas estão inseridas.
Com o maior acesso dos jovens à internet, surge uma nova linguagem adaptada ao meio eletrônico: o internetês. Esta nova linguagem é marcada pela grande quantidade de abreviações, erros ortográficos e uso de palavras-chave, tudo isso visando a rapidez na hora de se comunicar virtualmente.
Outra característica do Internetês é o uso dos emoctions, que por meio de elementos não verbais transmitem uma mensagem do estado emocional durante o diálogo, assim a escrita ganha sentido a mais.
O uso frequente deste novo tipo de linguagem pode trazer consequências para os jovens, já que o sistema de ensino usa a linguagem formal como norma, conciliar os dois tipos de escrita é difícil para alguns.
Análises dizem que no futuro a norma-padrão pode deixar de existir, as escolas devem estar preparadas para a mistura de novas formas de comunicação, em conjunto com as tecnologias, afinal o reflexo de uma sociedade rápida e inovadora, apareceu até mesmo na linguagem.
[1] COSTA, Marisa V. A Educação na Cultura da Mídia e do Consumo. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.
[2]Uso de celulares em sala de aula proibido por lei. Disponível em . Acesso em: 1 de julho de 2017.